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Início do Semestre Letivo Suplementar – Mensagem à Comunidade

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A Universidade Federal da Bahia dá início, no dia 08, a mais um grande desafio: a realização, em condições excepcionais, de um Semestre Letivo Suplementar (SLS) inteiramente com atividades não presenciais, respeitando a recomendação de distanciamento social da Organização Mundial da Saúde, por conta da emergência sanitária ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.

Os números ajudam a dimensionar essa empreitada. Somente na graduação, 25.991 estudantes se inscreveram nas 1.788 disciplinas disponibilizadas, resultando em um total de 74.204 vagas ofertadas. A Administração Central reconhece o esforço feito pelos departamentos para atender à grande demanda represada dos estudantes por vagas, ao passo que entende, também, que essa oferta resulta bastante aquém da plena necessidade do corpo estudantil – algo, em última instância, previsível, por se tratar de um semestre suplementar, que não tem o objetivo de substituir o semestre presencial paralisado em março e que ocorre em condições sanitárias, orçamentárias e tecnológicas sabidamente desfavoráveis. Já bastante significativos, esses números ainda poderão se alterar, uma vez que o sistema será reaberto, para que imprecisões nos registros possam ser corrigidas, evitando qualquer prejuízo à concessão de bolsas e benefícios; e para que colegiados e departamentos avaliem a possibilidade de ampliar a oferta de vagas diante da demanda não atendida – sem desconsiderar, evidentemente, as limitações impostas pelo regime remoto ao trabalho de docentes e técnicos. 

Amplamente debatido pela comunidade e aprovado pelos conselhos superiores da Universidade, o SLS é um semestre experimental, desenhado ao longo de aproximadamente dois meses por uma rede multidisciplinar de professores e técnicos de diversas unidades e órgãos da UFBA, sob liderança da Administração Central. O resultado desse intenso trabalho está expresso no portal UFBA em Movimento, que concentra todas as informações necessárias à boa realização do SLS. Por se tratar de algo inteiramente novo, há certamente muito ainda a aprender e avançar em termos de capacitação e desempenho nas ferramentas tecnológicas. Mas podemos sim afirmar que a UFBA foi capaz de reunir, em pouco tempo, boas condições para dar início, com serenidade e confiança, a uma ação dessa magnitude. Esse ânimo positivo de modo algum minimiza as circunstâncias adversas sob as quais o SLS será realizado, mas sim resulta da energia e da motivação demonstradas pela comunidade universitária no sentido de superá-las, priorizando um objetivo maior: manter nossa Universidade viva, reativando seus vínculos de sociabilidade e realizando pesquisa, ensino, extensão e assistência estudantil com qualidade, apesar das adversidades.

É necessário, portanto, conservar em mente o fato de que, longe de representar um ideal de Universidade, o SLS foi a alternativa de momento encontrada para retomar atividades em um contexto excepcional, tendo em vista que a manutenção da suspensão das atividades acadêmicas por tempo indeterminado resultaria em prejuízo maior a todos. Assim, assumido o desafio de retomar atividades respeitando a diretriz de distanciamento social, a Administração Central fez todo o esforço possível para promover condições mínimas de qualidade e acessibilidade à comunidade a partir de uma limitada infra-estrutura digital, cuja ampliação dependeria de investimentos que nenhuma universidade brasileira é hoje capaz de realizar, sobretudo no cenário de asfixia orçamentária dos últimos anos.

Com escassos recursos para investir, a UFBA optou por priorizar o provimento de condições de acesso a conexão de internet e equipamentos aos estudantes em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica. Até o momento, 2.260 estudantes com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo pleitearam auxílio de R$ 800,00 para compra de um computador, tablet ou smartphone. E 1.161 se inscreveram no edital de oferta de auxílio mensal de R$ 70,00 para contratação de serviços de conexão à internet, até que sejam entregues os chips disponibilizados pelo Ministério da Educação, por meio da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, plataforma digital ligada ao Governo Federal). Além disso, estão em estudo mecanismos para abertura dos campi aos estudantes em vulnerabilidade: o projeto, intitulado “Tendas Virtuais”, deverá oferecer cerca de 2 mil postos de estudo, dotados de computador e acesso à internet, em salas da Universidade, onde serão fornecidos equipamentos de proteção individual e obedecidas normas de distanciamento e segurança sanitária. A UFBA articula uma rede de colaboração entre as universidades públicas baianas, para que todas adotem ação semelhante em seus campi, proporcionando ao conjunto de seus estudantes acesso a postos de estudo por todo o estado, em qualquer instituição parceira.

O ambiente virtual de aprendizagem da UFBA – o Moodle, plataforma baseada em código aberto – foi modernizado, ganhando novas funcionalidades, e é o sistema prioritariamente recomendado pela Universidade para gestão de conteúdos e avaliações durante o SLS, atendendo assim à deliberação do Conselho Universitário. Em complemento ao Moodle, e também em conformidade ao previsto em resoluções dos conselhos superiores, houve a necessidade de recorrer a uma plataforma alternativa de ensino online – a exemplo do que 86% das instituições federais de ensino superior do país já fazem – para garantir duas funcionalidades essenciais, que a infraestrutura digital da RNP e da UFBA não proporciona com o alcance e a estabilidade necessárias, em face às demandas do SLS: a oferta de aulas síncronas (em que professores e alunos se conectam simultaneamente) e o fluxo e armazenamento de conteúdos para os estudantes. A UFBA optou pela G Suíte for Education, da Google, de uso gratuito para a instituição e sua comunidade - ou seja, a UFBA não pagou e nem recebeu qualquer valor pela utilização dessa ou de qualquer outra plataforma. Cumpre salientar que o recurso à suíte Google para essas funcionalidades foi a alternativa viável encontrada, no curto prazo e diante da impossibilidade de ampliação da infraestrutura digital solicitada à RNP, bem como da inexistência de plataformas públicas e/ou baseadas em código aberto suficientemente robustas, seguras e abrangentes para atender ao SLS. Uma vez mais, é na excepcionalidade do contexto da pandemia e no caráter experimental do SLS que essa opção encontra justificativa, para além do amparo legal garantido pelas resoluções dos conselhos superiores e por instruções normativas da Administração Pública Federal.

O momento é de engajamento, compreensão, trabalho e aprendizado coletivo. Distante do ideal ou de qualquer pretensão de apontar caminhos para o que se supõe ser um “novo normal”, o SLS é mais um excepcional desafio colocado à nossa comunidade, neste duro momento em que a universidade pública se vê, mais uma vez, chamada a afirmar à sociedade sua importância e a lutar por sua existência.

A Administração Central deseja a todos um proveitoso Semestre Letivo Suplementar!