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Protesto contra a violência marca Assembleia Mundial de Mulheres em Salvador

Docentes e servidores da UFBA participaram do evento

 

"Marielle presente, agora e sempre". O grito de protesto pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, uma das referências na luta das minorias, marcou o final de praticamente todos os discursos da Assembleia Mundial de Mulheres, hoje (16) no Centro Histórico de Salvador. Representantes do movimento em defesa da mulher de cerca de 30 nações participaram do ato público, como parte da programação do Fórum Social Mundial, que se realiza até amanhã na capital baiana. O atentado contra a vereadora e à democracia, em pleno evento que reúne ativistas pelas causas sociais de todo o mundo, acabou fazendo com que o feminicídio dominasse a temática da assembleia, dentro do tema central "Mulheres na Resistência contra o Machismo, Racismo e a Lgbtfobia".

Guerreiras curdas, ativistas saarauis, mulheres palestinas e líderes indígenas misturavam-se entre as militantes da causa em defesa da mulher em todo o mundo. Todas com um único objetivo: aprovar, na assembleia, "os dez pontos inegociáveis da luta da mulher". O fim do feminicídio e de todo tipo de violência praticada contra a mulher está entre os dez pontos (ver lista completa). "Temos que nos unir para combater a violência e lutar por direitos que ainda nos são cerceados", afirmou Rita Freire, integrante da coordenação internacional do Fórum Social Mundial. Uma moção de pesar e repúdio à violência contra a mulher e à vereadora Marielle Franco foi aprovada pelas participantes. "Estamos juntas, representando nações diferentes, mas para definirmos uma única forma de luta", disse Jadiyet El Mohtar, responsável pelas Relações Internacionais da União Nacional das Mulheres Saarauis. 

Cerca de cinco mil pessoas participaram do evento, segundo estimativas das organizadoras. "Essa assembleia revela-se como um marco na luta da causa da mulher, não tanto pela quantidade de participantes, mas pela alta representatividade dos movimentos aqui presentes, inclusive de mulheres de regiões em guerra que ainda precisam enfrentar anos de processo culturais de negação de seus direitos", afirmou a presidente da União Brasileira de Mulheres, a amazonense Vânjia Santos. "Começamos também a articular a agenda de luta conjunta para este ano e discutir a formação de uma frente mundial de mulheres de esquerda", revelou Fátima Froés, uma das coordenadoras da Rede Mulher e Mídia. A deputada estadual Manoela D'Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PC do B, também compareceu ao evento, entre outras militantes políticas. 

Palco de força e integração

O luto das participantes pela morte de Marielle Franco não impediu que o colorido tomasse conta do ato, marcado por faixas e cartazes em cores fortes, como o "rosa choque", que tradicionalmente representa a resistência feminina, e o verde, que simboliza a esperança. Mesmo entre idiomas diferentes, as mulheres de diversas nacionalidades, unidas pela mesma causa, logo engrossavam o coro de manifestações, falando todas uma única língua: a força da união da mulher.

O momento histórico para a luta da mulher foi acompanhado por pesquisadores, professores e funcionários da Universidade Federal da Bahia (Ufba). "Não poderíamos deixar de estar aqui não apenas porque representamos uma instituição que promove o pensamento crítico sobre a questão da mulher, dentre suas atividades, como também porque, no serviço público, muitas mulheres também precisam enfrentar formas de violência, como o assédio moral e sexual", destacou a funcionária Lucimara Cruz, coordenadora de Políticas Sociais e Anti-racistas do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (Assufba).

DEZ PONTOS INEGOCIÁVEIS DA LUTA DA MULHER EM TODO O MUNDO

1. Pelo fim do feminicídio e de todas as formas de violência praticadas contra as mulheres, sejam sexual, física, psicológica, doméstica, no campo, praticadas pelo patrão ou pelo Estado;

2. Pelo direito das mulheres decidirem sobre seus corpos com autonomia e independente da vontade do Estado e de crenças religiosas;

3. Pela emancipação e poder político das mulheres;

4. Pelo fim da utilização dos corpos das mulheres como arma de guerra;

5. Pelo acesso universal das mulheres à educação emancipadora e não sexista.  Pela emancipação social, cultural e econômica das mulheres;

6. Contra o racismo, o genocídio e o encarceramento da população negra;

7. Pelo reconhecimento da identidade de gênero com respeito e dignidade. Pelo respeito à diversidade sexual, sem descriminação de qualquer natureza;

8. Contra a misoginia, o silenciamento e a invisibilização das mulheres;

9. Contra o patriarcado e todas suas expressões na vida das mulheres;

10. Contra o capitalismo e o imperialismo, que exploram e expropriam as trabalhadoras ao redor do planeta e que em suas disputas por mercados e fontes energéticas geram guerras, destruição, violências e mortes, que atingem principalmente às mulheres.

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Fonte: UBM

Fotos João Alvarez