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Reitores entregam carta em defesa da universidade pública durante Fórum Universitário Mercosul

Reitores da UFBA, Unila e Unilab assinam o documento

O Fórum Universitário Mercosul (FoMerco) irá debater a integração regional em tempos de crise, seus desafios políticos e dilemas teóricos, entre os dias 27 e 29 de setembro, no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), da UFBA. Em sua 16ª edição e pela primeira vez na Bahia, o congresso internacional contará com uma palestra, cinco mesas-redondas e apresentação de cerca de 250 trabalhos científicos.

Antes da solenidade de abertura, o reitor em exercício da UFBA, Paulo Miguez, e os reitores Gustavo Vieira da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), e Anastácio Souza da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) realizam um ato em defesa do ensino público superior, no dia 27, a partir de 15h, no auditório do PAF III. O evento terá o lançamento da Carta de Salvador, manifesto em prol da universidade pública, em especial das instituições de ensino superior com vocação internacional, que estão atualmente fortemente ameaçadas.

A Carta de Salvador destaca a preocupação com as restrições orçamentárias, que ameaçam o ensino público superior já que, “após uma década de contínuo crescimento, o número de estudantes que ingressaram nas universidades públicas brasileiras caiu pela primeira vez em 2016”.

O documento descreve a UNILA, situada na fronteira tri-nacional, na cidade de Foz do Iguaçu, com abrangência por toda América Latina e Caribe, e a UNILAB, com campi na Bahia e Ceará, como duas universidades pioneiras. Elas “são um exemplo exitoso de interiorização e internacionalização da educação pública superior e, apesar de recentes, têm contribuído enormemente para a integração do ensino com os países de língua portuguesa, especialmente do continente africano, e com os países da América Latina e Caribe”.

O reitor em exercício da UFBA, Paulo Miguez, afirma que o lançamento da Carta de Salvador se faz extremamente importante, pois as duas universidades cumprem papeis estratégicos do ponto de vista da relação do Brasil com outros países lusófonos e fronteiriços.

Ainda no FoMerco, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães fará a palestra de abertura “A América Latina em tempos de crise”, no PAF III, às 20h. Ex-ministro para Assuntos Estratégicos (2009 – 2010), e ex-secretário-geral do Itamaraty (2003 a 2009), Guimarães é autor dos livros Quinhentos anos de periferia (UFRGS/Contraponto, 1999) e Desafios brasileiros na era dos gigantes(Contraponto, 2006), que lhe rendeu o prêmio de intelectual do ano do troféu Juca Pato da União Brasileira de Escritores. Atualmente, é professor do Instituto Rio Branco, onde leciona a disciplina política internacional e política externa brasileira.

O professor da UFBA e ex-secretário de cultura do estado, Albino Rubim, avalia que o evento tem grande relevância no atual momento nacional e internacional. Em sua opinião, o Brasil está se afastando de uma política externa independente, que buscava a integração regional para se inserir no mundo global, e está se voltando novamente para uma política de subordinação, “que nos coloca na posição de semicolônia”, interrompendo avanços nas dinâmicas de relação entre a América Latina, BRICS ( Brasil, Rússia, Índia e China) e países da África.

Bandeiras do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, durante a primeira reuni„o do Mercosul.

Bandeiras do Uruguai, Paraguai, Brasil e Argentina, países fundadores do Mercosul

“Esses processos de integração regional são fundamentais no mundo que vivemos hoje, marcada pela glocalização, termo que complexifica a relação local-global”, conta Rubim, que é membro da organização do evento. As discussões do FoMerco, afirma o professor, serão pautadas no debate sobre como a América Latina, a Ibero-América e os países lusófonos irão se articular no processo global, que encara desafios atuais como a atual política americana que, com Donald Trump, se volta ainda mais aos interesses dos Estados Unidos e busca sufocar projetos de cooperação internacionais que não sigam seus interesses.

O evento terá também cinco mesas-redondas que tratam de temáticas atuais como “Chile, Brasil, Paraguai e Venezuela: golpes de ontem e de hoje na América Latina”; “A integração regional no atual contexto da (des) globalização mundial”; “Promessas descumpridas da integração educacional”; “Nuestra América: por onde recomeçar?” e “Diversidade cultural e integração regional: várias Américas!”. O auditório do IHAC será palco desses debates.

Treze eixos temáticos do congresso interdisciplinar reúnem grupos de apresentação de trabalhos científicos em diferentes áreas de conhecimento e abordam temas como territórios, fronteira e migrações, movimentos sociais, democracia e conflitos socioambientais; integração econômica, política e cultural, assim como os desafios teóricos para a integração regional, comunicação, informação e poder, diversidades e direitos humano, políticas públicas, desenvolvimento e integração; Universidades, integração e desenvolvimento regional, segurança, defesa e política externa, entre outros.

“Esse é um evento extremamente importante, pois possibilita à comunidade acadêmica brasileira o diálogo com suas congêneres do Mercosul”, afirma o vice-reitor Paulo Miguez. O XVI Congresso Internacional do Fórum Universitário Mercosul (FoMerco) tem o apoio da UFBA, do Governo do Estado da Bahia, da Cape, do CNPq e de diversas instituições nacionais e internacionais.

Mais informações: http://www.congresso2017.fomerco.com.br/