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UFBA interrompe atividades por tempo indeterminado em combate ao coronavírus

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A Universidade Federal da Bahia decidiu suspender, por tempo indeterminado, suas atividades acadêmicas e administrativas, priorizando, assim, a preservação da saúde de sua comunidade – professores, estudantes, técnicos e profissionais terceirizados –, face ao prognóstico de rápida expansão, no decorrer das próximas semanas, da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Com essa decisão, tomada por unanimidade por seu Conselho Universitário, reunido em 18 de março de 2020, a UFBA atende às recomendações da Organização Mundial da Saúde e das autoridades sanitárias nacionais, bem como as de comunidades médicas e científicas de diversas especialidades da área da saúde, certa de estar contribuindo da melhor maneira possível para minimizar as condições de transmissão do coronavírus.

Ao deixar de promover situações de contato e aglomeração – inicialmente, as de natureza extracurricular, conforme anunciado na sexta-feira (13/03), e agora, também, as de natureza curricular e administrativa –, a Universidade soma-se ao esforço coletivo que toda a sociedade brasileira deve imediatamente assumir no sentido de refrear, ao máximo, o avanço do coronavírus, contribuindo para a conservação da capacidade de atendimento dos sistemas público e privado de saúde.

A decisão de suspender as atividades foi tomada de maneira solidária e articulada ao conjunto das instituições públicas de educação superior baianas. A esse respeito, especialistas em epidemiologia e infectologia têm sido enfáticos na avaliação de que a paralisação de atividades de maneira isolada pouco impacta, efetivamente, na contenção do vírus. Em vez disso, verdadeiramente eficaz é a paralisação conjunta e organizada de órgãos públicos e privados, ação capaz de reduzir maciçamente as aglomerações e, por conseguinte, desacelerar a transmissão da doença causada pelo novo coronavírus, a Covid-19.

Tal suspensão de atividades, ademais motivada por uma emergência sanitária dessa relevância, é algo inédito na história da UFBA. Por isso, não poderia ter sido objeto de decisão e anúncio açodados, antes que houvesse a necessária preparação de um plano especial de funcionamento. Serão mantidas, assim, apenas atividades consideradas essenciais, ou seja, aquelas que, se não realizadas, implicam dano institucional irreparável, e que, não podendo ser suspensas, possam ser desempenhadas de maneira remota ou, quando presencialmente, em condições de segurança adequadas e por profissionais que não façam parte do grupo de risco (idosos, portadores de doenças crônicas, gestantes e lactantes).

Exceção seja feita às atividades que possam aportar contribuição direta no combate ao coronavírus, entre as quais os serviços de atendimento à saúde prestados pelos hospitais, ambulatórios e laboratórios desta Universidade, que, ao contrário, precisarão ser intensificados e redirecionados a priorizar o atendimento a casos suspeitos e confirmados de coronavírus. Portanto, enquanto perdurar a situação de emergência sanitária, a UFBA colocará à inteira disposição da sociedade o conhecimento, a expertise acumulada e a capacidade de trabalho de seus profissionais: pesquisadores, quadros das diversas especialidades da saúde e residentes.

A suspensão das atividades implica interrupção imediata do calendário acadêmico, que será redefinido e submetido à aprovação do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFBA, tão logo se apresentem condições suficientes de normalidade. Dessa forma, o próprio acesso aos campi da UFBA será restrito, sendo condicionado às atividades consideradas essenciais neste momento, ou seja, aquelas associadas ao combate à pandemia do coronavírus. Cada unidade deverá apresentar um plano de funcionamento até o dia 25 de março, tendo atenção especial a essa determinação. Pedidos de excepcionalidade para autorização de funcionamento, que contrariem as medidas próprias de distanciamento físico ora adotadas, serão examinados pelo Comitê de Acompanhamento do Coronavírus, já constituído pela Reitoria e então referendado pelo Conselho Universitário.

Entre as atividades que devem ser paralisadas, podemos listar as atividades curriculares de campo; os concursos e os editais de monitoria, extensão e assistência estudantil; as chamadas de matrícula do SiSU, progressão BI/CPL e ingresso de indígenas, quilombolas e aldeados, refugiados e pessoas trans; e o funcionamento das bibliotecas e da creche da UFBA, bem como dos locais de atendimento ambulatorial e realização de exames ordinários, entre outros.

Permanecerão funcionando, em regime especial de plantão, as atividades administrativas relacionadas à manutenção de pagamentos e contratos; orçamento e contabilidade; os serviços de obras e manutenção emergenciais; os laboratórios cujo funcionamento não possa ser totalmente paralisado e os serviços de segurança e de limpeza, com foco nos locais de atendimento e nas residências universitárias; manutenção de biotérios e outros cultivos de organismos vivos. E, enquanto o Restaurante Universitário e os pontos de distribuição de alimentos estiverem fechados, cerca de 1.700 estudantes receberão auxílio financeiro para alimentação.

A Ouvidoria da UFBA disponibilizará plantão telefônico remoto em dois turnos para prestar esclarecimentos sobre o novo coronavírus, à comunidade universitária, pelo 71 98668-2929 e pelo e-mail ouvidoria@ufba.br. O Programa PsiU, de atendimento psicológico, seguirá acessível pelo telefone 71 98707-1041 (pelo WhatsApp), e a Pró-reitoria de Assistência Estudantil e Ações Afirmativas manterá contato com a comunidade pelo endereço proae.ufba.br. Fiocruz e UFBA, em parceria, estão desenvolvendo um serviço web-telefônico integrado à Secretaria de Saúde do estado para orientação da comunidade em casos de suspeita de infecção respiratória, contando com a colaboração de graduandos dos cursos de medicina e de enfermagem supervisionados por médicos. E, em breve, estará no ar o site coronavirus.ufba.br, que concentrará as principais ações e informações da UFBA.

A paralisação das atividades não garante, porém, vitória no combate ao coronavírus. Além de reforçar as já conhecidas medidas de prevenção (como lavar frequentemente as vias aéreas e as mãos, cobrir a boca ao tossir e manter distância prudencial superior a 1 metro ao abordar pessoas) e, em caso de contaminação ou suspeita, a recomendação de autoisolamento por 14 dias (deixando para procurar atendimento hospitalar apenas em caso de persistência de febre e sensação de falta de ar), a UFBA exorta cada membro da comunidade universitária a disseminar, sim, duas virtudes fundamentais para a manutenção de nossa saúde ao longo dessa quarentena: o conhecimento e a solidariedade.

Cada estudante e trabalhador da UFBA terá, diante de si, a tarefa de exercitar a racionalidade científica, marca essencial de nossa comunidade, tornando-se agente multiplicador de informações precisas e com lastro em fontes confiáveis. Convém ter em mente que o principal temor social que o coronavírus traz é o da contaminação de um grande número de pessoas ao mesmo tempo. Para além da contaminação individual – que, embora indesejável e perigosa, tende a se manifestar em forma similar à de uma gripe branda em cerca de 80% dos casos –, a contaminação de grandes grupos pode exaurir a capacidade de atendimento hospitalar, prejudicando efetivamente quem mais precisa. Portanto, tão importante quanto evitar contrair o coronavírus é, em caso de contaminação, não ser um agente transmissor da doença, evitando sobretudo que a Covid-19 atinja as pessoas do grupo de risco.

Cada membro de nossa comunidade terá também diante de si a tarefa de exercitar e promover a solidariedade. Caberá, então, aos jovens, por serem potencialmente mais resistentes ao coronavírus, auxiliar os idosos, os doentes crônicos e as gestantes, dentro e fora de suas famílias, assumindo suas tarefas, quando possível, e acalmando-os, quando necessário. Caberá àqueles que se sintam psicologicamente mais firmes manter-se em contato, ainda que virtual, com os amigos e familiares emocionalmente mais fragilizados, oferecendo-lhes o suporte que esteja a seu alcance. Caberá a todos nós, enfim, zelar para que o necessário isolamento social não se desvirtue no mal do individualismo, agindo com empatia, gentileza e senso de comunidade, principalmente em espaços como supermercados, farmácias e locais de atendimento à saúde.

Resta-nos confiar que venceremos mais este desafio. As universidades públicas são um patrimônio e um projeto de nossa nação, representando nossos valores mais elevados. Assim, após sucessivas intempéries, só podemos acreditar que, afinal, quem tem a universidade pública e o interesse comum no coração há de vencer.